Difusão e ampliação de projetos na área de atenção básica da saúde no Tocantins são destaque na 15ª Mostra “Brasil Aqui Tem SUS”
Começou nesta quarta-feira (25), em Belém do Pará, o 34º Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde). Um dos destaques do primeiro dia do evento foi a 15ª Mostra “Brasil Aqui Tem SUS”, da qual o estado do Tocantins participou apresentando 12 experiências bem sucedidas já implantadas nos municípios.
Durante a tarde, a sala 1 do Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia recebeu as apresentações dos projetos “Ação municipal – juntos somos mais fortes” (Monte do Carmo), “Projeto Diva Fitness” (Sítio Novo) e “Promovendo e fazendo a saúde do homem no território” (Cristalândia). Todas as experiências foram muito aplaudidas e elogiadas pelo público.
Dando prosseguimento à programação, foi a vez da sala 2 sediar as apresentações do “Projeto Dengue: vamos acabar com isso - Diga sim à saúde!” (Monte do Carmo), e também o “Diagnóstico situacional: uma ferramenta que potencializa o planejamento e execução das ações e cuidado nas equipes de estratégia de saúde da família” (Porto Nacional).
Finalizando esta sessão, foi apresentado o “Projeto Amor de Mãe: educação em saúde no pré-natal na unidade básica de saúde”(São Miguel do Tocantins). De acordo com a enfermeira Jéssica Schreiber, que apresentou a experiência, a implantação desta iniciativa surgiu da necessidade de aproximar a gestante à equipe de saúde do município. “Estávamos registrando uma baixa adesão no acompanhamento do 1º trimestre de gestação, além de complicações por fatores como hipertensão e diabetes. Por isso criar esse vínculo com as gestantes se tornou fundamental para nós”, conta.
Segundo Jéssica, para participar do projeto a mulher precisava assinar um termo de comprometimento que a incluía imediatamente no curso “Amor de Mãe”, dentro do qual a gestante recebia todo o atendimento médico, esclarecimentos e orientações, participava de oficinas, além de assumir a responsabilidade de realizar no mínimo 7 consultas durante o pré-natal.
A primeira turma do projeto, iniciado em fevereiro deste ano, teve 13 gestantes concluintes; todas tiveram seus bebês através do parto natural e sem maiores complicações. “Além do acompanhamento médico, todas as nossas participantes tiveram uma melhora significativa na auto-estima e qualidade de vida, além de criar um vínculo que certamente vai se estender à criança, que já entra em outro tipo de atendimento básico. Nossa meta agora é ampliar a área de atuação do projeto”, afirmou Jéssica.
A última sessão de apresentações teve lugar na sala 14, onde foi discutida a experiência do “Grupo Lazer Ativo na estratégia de saúde da família”, realizado no município de Angico. Segundo Fatiana Alves, uma das responsáveis pelo projeto, um dos objetivos da iniciativa era avaliar as possíveis intervenções na cidade tendo em vista o nível de atividade física no tempo de lazer e o programa academia da saúde. “Um dos nossos principais motivadores foi a procura, da própria população, pelos serviços de saúde, visando o combate ao sedentarismo e seus riscos à qualidade de vida”, contou ela.
A implantação do grupo se deu em 5 etapas: seleção de participantes através dos agentes de saúde, orientação e educação dos selecionados, realização de exames de triagem, acompanhamento nutricional individualizado com montagem de cardápio específico e encontros presenciais três vezes por semana, para atividades em comunidade (como caminhadas ecológicas e ciclismo).
Entre os resultados positivos do projeto estão a diminuição no consumo de analgésicos e a melhoria da autoestima dos participantes, que curiosamente, são todas mulheres. O grupo, que começou atendendo 30, atualmente atende 60 mulheres, e em seu próximo ciclo pretende incluir na rede de atendimento homens, idosos e adolescentes.
A segunda experiência apresentada na sessão foi a “Farmácia Viva no SUS”, que tem como objetivo promover o uso racional das plantas medicinais na atenção básica de saúde. O farmacêutico Renato Sérgio trouxe ao público presente o caso do projeto desenvolvido em Maurilândia, que além de difundir as plantas medicinais também tem ações de preservação do meio ambiente. “Os medicamentos fitoterápicos são totalmente viáveis, mais baratos que os alopáticos e tem eficácia comprovada. Para complementar esse viés, aproveitamos o projeto para realizar ações de reaproveitamento de materiais como pneus e garrafas pet para construção de canteiros verdes, por exemplo”, justificou. Para Sérgio, o “Fármacia Viva” é, ainda, uma forma de valorizar a cultura popular e indígena da região.
Para implantar o projeto foram realizadas visitas à 400 famílias do município. Os agentes de saúde se encontravam com a comunidade sob o pretexto intitulado “Vamos tomar um chá?”, oportunidade em que cada família levava à equipe as plantas que mais utilizavam e para quais fins. Após esse momento foi feita a catalogação das plantas medicinais mais utilizadas no município. Em seguida houve a captação de pneus e garrafas pet para a construção dos canteiros. A orientação das equipes de saúde foi o passo seguinte, quando foram explicadas as indicações de cada planta, sua forma de preparo e dosagem corretas. Por fim, os agentes de saúde foram capacitados para que pudessem disseminar esse conhecimento entre a população.
Para fechar o dia de apresentações, a bióloga Elionora de Carvalho falou sobre as dificuldades enfrentadas pelo projeto “LER/DORT e transtorno mental relacionado ao trabalho e os desafios da implantação e implementação da saúde do trabalhador em Unidade Sentinela”, em Araguaína. De acordo com os dados registrados pelo projeto, casos de LER/DORT são a 4ª causa de notificações de saúde do trabalhador na macrorregião do município.
“Ações voltadas à gestão da saúde do trabalhador são imprescindíveis. Isso porque o trabalho já foi definido pela OMS como um fator determinante para a saúde. Precisamos analisar as possibilidades de implantação deste serviço e de fato oferecê-lo à população, mesmo que em um primeiro momento haja uma resistência ou uma desconfiança sobre a necessidade de tal prática”, comentou a bióloga.
Inicialmente a equipe responsável pelo projeto, composta por 12 pessoas, captava e mensurava dados de saúde do trabalhador em 65 municípios da macrorregião de Araguaína. Porém, graças a uma redistribuição a equipe de saúde foi redefinida para 5 profissionais e passou a atender 17 cidades.
De acordo com Elionora, entre os objetivos da ação estão elencar e qualificar os desafios da implantação de iniciativas voltadas à saúde do trabalhador; uma ferramenta interessante nesse sentido é a correlação entre metodologias de diferentes projetos, especialmente no que diz respeito à soluções para manter o fluxo: diagnóstico, notificação, acompanhamento e encerramento dos casos.
“Levantamos dados muito interessantes e relevantes durante a realização desta experiência, entretanto a sub-notificação ainda é um problema recorrente para nós, principalmente com relação aos casos de transtornos mentais no trabalho. Já temos alguns casos de locais com sistemas próprios de questionários e avaliações dos casos, e esperamos dar continuidade a essa atuação”, concluiu ela.
Todas as apresentações realizadas na 15º Mostra Brasil Aqui Tem SUS concorrerão a uma premiação especial dividida por categorias. A primeira sessão de premiação, realizada hoje, destacou projetos dos estados de Alagoas, São Paulo e Paraná. Os demais premiados serão divulgados na segunda sessão de premiação, que será na próxima sexta-feira (27).
Apresentação do Projeto Amor de Mãe
Projeto Farmácia Viva
Jéssica Schreiber e Maria Dilce
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26 de julho de 2018
Ascom COSEMS/TO - Ingrid Bico