Setembro Amarelo: Cuidados com a saúde mental dos profissionais de saúde

A pandemia mundial pelo coronavírus trouxe problemas que transpassam os sintomas da doença. O sofrimento psíquico e os transtornos mentais relacionados ao estresse de lidar com a Covid-19 atingiram milhares de brasileiros e em especial aqueles que têm a função de cuidar da saúde das outras pessoas: os profissionais da saúde.

São eles que estiveram, e se mantêm, na linha de frente do enfrentamento à Covid-19 e que acabam, por obrigações profissionais, seguindo na contramão do distanciamento social preconizado como uma das medidas farmacológicas de controle do vírus. Toda essa entrega em busca da eficácia dos tratamentos e segurança acabam gerando transtornos mentais que não devem ser ignorados.

Durante a campanha do Setembro Amarelo, relembramos algumas experiências do Especial Brasil, aqui tem SUS voltadas para os cuidados com saúde mental dos profissionais de saúde.

Benefícios da auriculoterapia na saúde dos profissionais em Cerro Corá-RN

Cerro Corá é um município reconhecido por suas belezas naturais e pelo clima frio em pleno sertão nordestino. A maior parte dos seus 11.181 habitantes vive na zona rural da cidade, localizada no estado do Rio Grande do Norte e distante 200 km da capital. A insegurança causada pela pandemia e a radical mudança na rotina de Cerro Corá, antes muito frequentada por turistas, contribuíram para o agravamento de transtornos psicológicos como ansiedade e depressão entre seus moradores. Muitos profissionais de saúde, afetados pelo medo de contaminação e pela dúvida quanto ao manejo da doença, intensificaram o consumo de ansiolíticos, em especial o rivotril.

“Com o início da pandemia, percebemos que os profissionais das unidades de saúde estavam ficando muito estressados e com medo, principalmente pela falta de informações. Tudo era muito novo. Então avaliamos que era necessário cuidar deles primeiro para que pudessem cuidar de outras pessoas”, afirmou Caroline Guimarães, integrante da equipe multidisciplinar do município.

O aumento pela procura dos medicamentos nas unidades de saúde levou a gestão a buscar alternativas de tratamento junto à equipe multidisciplinar. “Mesmo antes da confirmação do primeiro caso de Covid-19, a busca por psicotrópicos cresceu na Atenção Básica. Fomos então procurados pela Secretária de Saúde para saber o que poderíamos fazer para diminuir a necessidade de usar os ansiolíticos”, lembra o fisioterapeuta e autor da experiência, Disllane Coutinho.

A experiência representou o estado do Rio Grande do Norte durante a I Mostra Virtual Brasil, aqui tem SUS.

A experiência do uso das PICs no cuidado ao profissional de saúde em Icapuí-CE

Icapuí é um município litorâneo, situado na região oriental do Estado do Ceará e conhecido pelas belezas naturais. Durante a pandemia, uma experiência voltada ao cuidado do trabalhador da saúde procurou possibilitar, em um só tempo, apoio psicológico e reflexão sobre a condição do profissional de saúde, representado pela figura do herói que se expõe ao sacrifício. O que se buscou foi acender um alerta em torno da manipulação da subjetividade do profissional de saúde, que é convocado a aceitar o sacrifício para aliviar o sofrimento do outro, e deixa de olhar para si mesmo. Cuidar de si é fundamental para cuidar do outro.

O trabalho foi desenvolvido por seis profissionais das áreas de fisioterapia, nutrição e serviço social, que fazem parte da Residência Integrada em Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará. Elas atuam junto às equipes do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) de Icapuí, que tiveram suas atividades reduzidas no início da pandemia em função da necessidade do isolamento social. Diante da dúvida sobre o que fazer para ajudar os profissionais que assumiram a linha de frente contra a doença, resolveram desenvolver Práticas Integrativas e Complementares (PICS) fazendo uso das próprias habilidades pessoais e, assim, potencializando o cuidado não medicamentoso para enfrentar sintomas de ansiedade, depressão, insônia, medo, tão comuns nesse período.

O engajamento das residentes com formação em PICS que se dispuseram a realizar o cuidado disparou a proposta de formação do grupo.  Duas profissionais começaram então a realizar a ventosaterapia, outras duas a auriculoterapia e a quinta aplicava a massoterapia. Inicialmente, o trabalho foi voltado para os profissionais lotados nos hospitais, na Secretaria de Saúde – envolvidos com a elaboração dos boletins epidemiológicos e das barreiras sanitárias – e no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Icapuí.

A experiência representou o estado do Ceará na quinta Roda de Conversa da I Mostra Virtual Brasil, aqui tem SUS e foi apresentada na 5ª Roda de Conversa.

  • 27 de setembro de 2021

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